terça-feira, 21 de julho de 2015

ALGUMAS HORAS...

ALGUMAS   HORAS  ...



Ernesto Frederico Scheffel- Foto de encarte do Jornal NH- 17.07.2015
























obra em acrílica, gouache, tinta de tecido sobre tela,
baseada em foto retratando Frederico fazendo massa de cimento e areia
para restauro em sua casa na montanha em Lucca na Italia em 1993, a nos enviada por correspondencia.
(em desenvolvimento - junho/2015
 acima e abaixo: segunda expressao encontrada para o rosto)



Quando soubemos que Frederico Scheffel encontrava-se ainda no Brasil ;
pois era seu habito desde que trabalhava em Florença na Italia-:
passava alguns meses mais quentes no Brasil e os mais amenos   na europa...
Achamos bom e entendemos que o voltaríamos a ver pelo bairro
de Hamburgo Velho, como sempre.
Estávamos curiosos por manusear seu livro... com o qual se ocupara
largamente nos últimos meses  o que o deixava orgulhoso, feliz...!
Realizava um sonho de reunir suas memórias em fatos e obras, lugares e pessoas...
numa autobiografia,  patrocinada pela Lei Federal de Incentivo a Cultura - Lei Rouanet.
Na Biblioteca do município, na Machado de Assis- a bibliotecaria Denize Kornazevski
nos alcançou um exemplar para que pudessemos conhece-lo então.
Fotografamos com o celular varias fotos de seus trabalhos e devoramos (numa corrida panorâmica) devido ao volume de mais de 380 paginas , conteúdo surpreendente- já que acompanhando sua historia aficcionadamente... nos pareceu que conhessecemos muito de sua trajetória e obras...!
Mas o que encontramos em seu livro ... foi uma surpresa atras da outra - o que nos encheu de mais orgulho e admiração pelo grande artista que era, acessível - apesar das inúmeras responsabilidades que assumia.

Deviamos estar no mes de maio ... não lembramos ao certo. Postamos no espaço do facebook
alguns desses registros que fizemos do seu livro- tornando um momento em que pelos rincões  alcançados - estar;iamos divulgando um pouco mais sua autobiografia! A desse artista tambem muito especial...para nos.

Perdeu-se a conta dos inúmeros concertos gratuitos que pudemos assistir no salão principal da Fundação que leva seu nome, aqui em Hamburgo Velho...!
Muitos e não só de artistas gauchos , brasileiros, mas de muitos estrangeiros
que vinham prestigiar a Fundação e o artista... e por extensão a todos nós!
Miguel Proença, espetacular pianista gaucho; Olinda Alessandrini, pianista gaucha extraordinaria, violinistas virtuosíssimos- de tirarem o folego!
O grupo de musica medieva da Goidanich... com seus instrumentos inesquecíveis... inclusive o cravo... com suas..." cantigas de amor amigo..." em portugues arcaico... belíssimas!
Quem saía igual ao estado com que ali adentrara-  de um momento cultural desses ?!
Ninguem... pois a emoção é veículo forte de sensibilização e a musica transforma qualquer sentimento ... limpa a alma!...
Repertórios de Musica Popular Brasileira- como de  Ernesto Nazare, com a pianista Olinda,
Vila Lobos com Proença , até mesmo de Piazzola  peças com bandonion!
Aparentemente, é possível viver sem nada disso.
As canções empregnadas do suor das poderosas andanças de peões e de boiadas, rodeios e festivais tão ao gosto popular e humano ... de onde se embalam os corpos cansados ou felizes- parecem bastar- uma vez que,  por razões da produção e do consumo- tem estado alimentando  não só o país inteiro mas populações alem fronteiras ... num processo de exportação milionário ... e feliz!

Estranhamente, Frederico orquestrava, da Italia ,quando estando lá em determinada parte do ano- a programação que se desenvolvia na Fundação.
Tudo lhe era submetido sendo decisiva sua orientação.
Quando se encontrava aqui... era procurado por colecionadores
que compravam suas obras ou faziam encomendas... uma vez que sua cotação nunca foi pequena...!

Amigos,  parentes e curiosos, pessoas de todas as classes e interesses
faziam fila para furar sua agenda de trabalho - tentar privar de algum tempo ao seu lado... ouvi-lo , ve-lo ao vivo... aprender com ele, alguma coisa, sobre a vida de um artista.

Trabalhando o tempo todo, muitas vezes construindo o xassis de um quadro
ou a moldura ele mesmo, em seu atelier na própria Fundação, era avesso a perdas de tempo...

Levava uma vida simples e frugal, direcionando todo e qualquer recurso- a projetos de obras que queria desenvolver estando  claro que seu trabalho era prioridade sobre qualquer outra coisa.

Escrevia poesia em dodecassílabos, em italiano, tambem em alemão; seu ambiente tinha o som dos clássicos e dentre eles admirava especialmente Mahler...

Para algumas poucas pessoas dedicou algumas horas de seu tempo -
expondo suas ideias e forma de trabalhar com os pinceis- a sua arte,  passando técnica de primeira linha e compartilhando experiencia inestimável.

Se deixa seguidores de sua trilha na arte!?

Os artistas contemporâneos a ele, e mais jovens, todos passaram de um  modo ou de outro em suas obras e temáticas por sua influenica... pois preocupações com o amor a arte, a natureza , a exaltação da figura humana e a integração do homem - no dia a dia,  sofisticado ou simples, de seu tempo... nos permitem juntamente a técnica e colorido que utilizava- encontrar matizes semelhantes nas obras dos demais pelo menos por algum período... resultado de algum confronto ou dialogo artístico sem duvida alguma...

 De seu período - era o mais idoso ... em Novo Hamburgo, havendo mais dois ou tres dele mais próximos em idade e comprometimento com a arte.
Porque artistas não brotam assim tao facilmente ...!
Se desenvolvem com muita tenacidade, determinação , estudos e diálogos
nem sempre amistosos com a sociedade de seu tempo...
em luta e luta , portanto!

O aparecimento da Faculdade de Artes  - no  contexto universitário da região  aqui na Feevale,
trouxe recursos a serem acionados pelos que se interessavam pela área ,
sem necessitarem recorrer a Porto Alegre; no entanto, o passar do tempo demonstrou um direcionamento mais  descolado do academicismo clássico - identidade de sua obra - com obras inscritas no surrealismo - algum distanciamento ocorreu, de certo modo - empobrecendo ambos os contextos de produção por certo.

De sua parte , possuidor de imóvel em área contígua a da Fundação- sonhou um projeto para uma Escola de Arte  - pública... que envolvesse desde crianças ...mais pessoas, num exercício do que ele chamava do contato com a beleza... nele contido o desenvolvimento da musicalidade , do desenho, da pintura , da escultura, a limpeza e a organizaçãao do ambiente... incluídos nessa diciplina da beleza!

Numa das últimas festas do bairro- as Hamburgerbergs- conhecidas por se darem anualmente , no bairro de Hamburgo Velho , promoção de uma Associação criada para promover a defesa do Patrimônio Histórico e Cultural- já que aqui- se deu a colonização da cidade - o vimos apresentando ao ex-prefeito  e atual deputado Estadual Tarcisio Zimmermann- um esboço de seu Projeto nas escadarias mesmas  da Fundação- com certa euforia...!

Neste ano, de 2015- veio um Decreto da Sra. Exma. Presidenta da República do Brasil-  Dilma Roussef - que beneficia com o tombamento - não só a Fundação Frederico Scheffel - mas todo o entorno em casas e outros prédios- resultado e  conquistas -
devidos às lutas de vidas inteiras não só dos artistas mas de muitos outros que as suas se uniram, no município, como fora dele - constituindo-os então:-..." de interesse universal- da humanidade !"

Pelo adiantado das horas, Frederico nos deixou aos 87 anos... agora em julho, 17!

Não faziamos ideia que estivesse já perto dos 90 anos...! Ele era de outubro...!

Soubemos que ficara no país, por uma doença que o acometeu e precisava tratar-se.
Conversou, cantou, recebeu amigos que de há muito nem via ... e no dia seguinte expirou.

Ha mais de mes vinhamos fazendo estudo de uma foto sua ...
para uma homenagem -quando fosse possível, quem sabe um dia... se ficasse bom o trabalho...!

Nosso modo autodidata, guarda falhas enormes! Mas o realizamos com profundo amor ...
Temos experimentado estreitamento incrivel com sua pessoa- a quem devotamos uma grande amizade...
Por poucas horas ... apenas - desfrutamos de sua companhia ao longo desses quase 30 anos
em que o conhecemos... no entanto - o marco na retomada de nosso desenho ,
o rebrotar da arte nossa de cada dia,
veio pelo seu provocador gesto:- de quem desperta em nós,
a fé... na possibilidade de crescermos -
quem sabe(?!)  - se trabalharmos incansavelmente  !

Muito provavelmente - jamais o vamos alcançar - não nesta vida pelo menos; pois se não bastasse pintar e escrever , tambem compunha para piano e orquestra... sendo esse seu sonho ainda por concretizar... um grande e belo concerto com suas peças...

Suspiro profundo... Frederico, suspiro profundo!

Um obrigado apenas é pouco... quase nada mesmo...
nem lembramos se mandamos entregar uns cravos  -
desses de floricultura um dia... em sua casa... ou se sonhamos em fazer isso ...
tanto tempo  faz quase tudo que compatilhamos...
mas é certo que retribuimos em quase nada seu afeto,
sua elegante  atenção!

Mesmo endividados com ele, vamos  continuar a perseguir nossos objetivos...
certos de que somos pequenos ... crianças de toda sua vida...  dedicada as artes..!

Mas cientes tambem, que te-lo conhecido um pouco...
garantiu em nós
alegrias e deslumbramento,
cada vez que vemos
uma obra sua!






                                         Primeira expressão... da mesma obra em andamento

quinta-feira, 16 de julho de 2015

2015 06 28 ultimas de junho 151









E R N E S T O   F R E D E R I C O  S C H E F F E L



NOS DEIXOU HOJE, DIA 16 DE JULHO  AOS 87 ANOS!






sexta-feira, 10 de julho de 2015

Regressão consciente I

Regressão Consciente I



Estudo de fotografia- Ernesto Frederico Scheffel 
construindo a pergola de sua casa na montanha
em Lucca na Italia...- 1992.
Em acrílica, tinta de tecido, guache e óleo.
Fatima Abrão- NH-2015.


Por volta de 75, 76- retomo a pintura e o desenho- 
com os quais me detinha fazendo mensagens românticas 
a alguem querido colocando naqueles balõezinhos de Luluzinha -
personagem consagrada nas histórias em quadrinhos, muitas 
vezes frases declarando afeto e saudade... a alguem preferido 
por volta de 1973...
Platonismo - o tal jeito de querer sem publicar-se... (muito!)
tornava esse ritual de despertar algum sentimento mais forte no 
coração do outro ... uma ginástica peripatética... quando se mira
a objetividade com que os assédios se fazem notar veementemente
dizendo , rosnando, seja lá com que força for- nos :-"ficares " 
contemporâneos...

Não não estou insinuando que a Arte serve de aliciadora... procuradora
oficial de nossas insuficientes metodologias para se fazer amar...
pois senão seria um domínio particular a ser pesquisado ... já que 
os músicos são atraentes monopolizadores de atenção, os professores,
de história são verdadeiros magos com suas flautas 
encantando platéias de alunos , assim como os filósofos...
e os literatos e dramaturgos todos
nos deixam de queixos caídos com suas retóricas especializadas
em fazerem-se ouvir e nos apaixonando perdidamente!

Uma coisa leva a outra.
É o que parece.
Sofridos corações palpitando por conquistas de afeto e atenção
com maiores planos de concretização- não agem em generalizada
direção mas elegem, conscientes ou intuitivamente, 
seres afins!

Quase sempre sem lógica alguma... envolvidos porem 
por complexas nuances e tons mais fortes conforme o clima
propicia, num emaranhado que vai se elaborando devagar
costurando bainhas, preenchendo em ponto cheio ,
desenhando as vezes desde tristes pontos cruz,
até o desenho envelhecido e tardio 
de nossos olhares , com pontos - pés-de-galinha!!

Se, permeando, vão os sons de John Coltraine, Mozhart,
Rimski Korsakov, Mhaller, Beethovenn, Chopin, Lizt,
Bhrams, Paganini, nos elevando a climas de extraordinária
sublimidade...difícil prever... e estando na situação
melhor nem levantar questões melhor vive-los... tão 
intensa e gratamente quanto possível manifestar
e se for impróprio- melhor deixar assim... tudo 
abafado... num silencio, mesmo que cúmplices-
sejam todos os demais, sobreviventes do Reino da Dinamarca!

Quem de nós que aos sessenta , não teve em sua história
uma espécie de fixação dessas?
Um artista por exemplo - 
costuma ser alguem
que não domina
apenas as técnicas pictóricas
mas, que faz incursões pela história
de tudo o mais ... quando não - compõe músicas, escreve poemas, 
faz esculturas, pensa e fala sobre todas essas coisas-
de modo interligado
e emocionante...
já que sua maior virtude
será  emoção 
educada
segundo tudo isso!

De modo tal se tornam fascinantes, que é comum 
que se alimente sobre eles...
paixões profundas e paralisantes às vezes!
Nem sempre, no entanto; em alguns casos
é assombroso o efeito deflagrador que operam em nosso
desenvolvimento - desdobrando-se em trilhas que vão
ser seguidas por nós... e de onde sairemos a descoberto...
diante de possibilidades antes sequer entendidas
como fomas de trabalho e conquistas de autonomia
no fazer-se enquanto seres pois a construção da vida
de cada um passa por esses meios ainda que despercebidamente. 

Destaca-se aí - o valor imenso desses avatares ... portadores 
de archotes... até certo ponto sem nenhuma pretensão 
direcionada a ninguem em especial... e a ninguem pertencendo  
pois nem se trata de  um movimento que perpassa as relações
alucinadas desses dias da segunda década do ano dois mil...
das conhecidas por... velocidades... vorazes...!

Queria sim falar de vinte anos.. (ou um pouco mais até!)
e de como o que faço hoje tem ligações fortes com os personagens
da real história hamburguense...
De como vi artistas como Frederico Schefell por exemplo- 
abrir seu atelier a jovens talentos , dividindo saberes e experiencias
abrindo portais desafiadores ... de onde nem sempre saltam aplausos-
muito menos o sucesso ou a fortuna, mas sim trabalho e trabalho
bastante pesado... bruto mesmo... e as vezes intransferível...
que só voce pode trilhar, objetivar, produzir, organizar
nem que esteja em muito invernos na vida!

Deixar-se mover por essas pessoas - pode ser fatal, sim...
desassossegando para sempre o vivente...
que já sofre pela paixão sublime pelo mestre e sua obra...
e que seu exemplo espera seguir... ainda que - constatados
seus dez por cento (humildes ) de movimentos nessa direção e
resulte pequeno, irrisório demais para se publicar...
e nem  como ficção ou como sonho de revelar-se-
por mais sério e sentido que seja qualquer 
momento de homenagem!