sábado, 27 de junho de 2015

Hoje teria bolo de aniversário da Regina

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hoje teria bolo de aniversário de Regina...

(foto antiga de minha mãe Regina -com

34 anos de idade mais ou menos)

Signo de cancer... um metro e sessenta e sete...

 olhos azuis - tom acinzentado ...
pernas de fazer inveja, pele de pessego!!


De costurar, cozinhar, pintar, bordar,criar

leitora de carteirinha da seção de adultos da 
Biblioteca Publica da cidade... 

Casou-se aos 21 anos, teve dois filhos

com diferença de oito anos
sendo a menina a caçula...
Seu esposo tinha ficado viúvo
e tinha um filho que veio para o casamento
com dois anos e meio de idade...

Seu marido era árabe da Syria

mais velho que ela 20 anos ...
comerciante , tinha uma confeitaria
em sociedade com um patricio no centro da cidade


Ela descendente de filhos de poloneses 

tanto seu pai como sua mãe-  brasileiros
filhos de poloneses da Cracóvia
e costumes,educação,
o cultivo da lingua polonesa
constituia o ambiente quando a visitavam
a parentela do lado de seus pais-
ambos falecidos - seu pai quando ainda ela 
estava com 14 anos e sua mãe,quando estava no sexto mes
de gestação de sua filha .
Teve dois irmãos que faleceram 
na Colonia Santa Barbara no interior da cidade 
atualmente conhecida como Palmeira- na região de Ponta Grossa
onde eram colonos junto a muitas familias de poloneses.
Seu pai tinha a fama de ser ator , diretor e escritor
de pequenas peças de teatro 
que eram apresentadas para o pessoal 
da Colonia,em festas , de cima de uma carroça.
Nada restou desses textos que se tenha conhecimento....
Mudaram-se da Colonia para o povoado de Palmeira 
onde tiveram um comercio de atacado de produtos da Colonia.


A ameaça a  saude de Regina então pequenina...

os fez mudarem para a capital do Estado
 para ficarem mais perto de recursos...
e porque já tinham perdido dois filhos... pequenos ainda...

A mãe de Regina- era irmã de mais onze !

Todos de Familia Djevietski...
Seu pai - era  filho único  de familia Ribatski...

Regina tinha então- grande familia

 por parte de mãe , e um grupo dos Ribastki
com quem convivera em ocasiões pontuais...
pois a distancia para os deslocamentos não era 
facil de vencer...
Seu esposo- deixara uma familia de 6 irmãos na Syria
tendo no Brasil apenas dois primos dos quais um na mesma cidade que eles.

Regina e seu esposo - lutaram juntos por dezessete anos 

até que decidiram ficar separados
e não voltaram mais a reconciliar-se.

Hoje - ela estaria completando 88 anos...


Sua vida foi rica  e preenchida com muito trabalho...

imenso carinho e muitos momentos de extrema alegria...
apesar de muitas vezes ter tido motivo de desanimar...

Seu filho serviu a Aeronáutica- e vê-lo naquele uniforme os

 orgulhava imensamente, do mesmo modo que a saída  do
o primogênito de seu marido para o serviço militar no 
exercito nacional como tradutor e interprete 
das línguas  árabe e inglesa no canal de Suez... na faixa de Gaza...

Após alguns anos de separaçao, seu marido ausentou-se do país

tendo voltado para o oriente... onde permaneceu por dez anos...

Seu enteado radicou-se no sul , em outro estado -O do Rio Grande do Sul
onde tornou-se professor e tradutor de ingles no que se notabilizou com escola própria por mais de 40 anos.
Dedicou-se ao Comercio Exterior, numa região calçadista, - a do Vale do Rio do Sinos.
Após seus 60 anos, tonou-se escritor e publicou  em seu primeiro livro -"Mohamed , o latoeiro"- um romance sobre a história da vinda do pai para o Brasil no início da década 40 do século passado, onde enfatiza a cultura árabe muçulmana paterna .  

O primeiro filho de Regina, saiu da FAB e tornou-se

engenheiro quimico da Petrobras... tendo se radicado e constituido familia
em cidade  do interior de São Paulo por cerca de trinta anos...

Sua filha - tornou-se Socióloga -desenvolveu

carreira no setor público com apoio do qual
pós graduou-se em Politicas Sociais em Fortaleza-Ceará, no final da década de 70.

Seu ex-marido então,  retorna do oriente com a ajuda do filho mais velho ,
estando muito adoentado vive por tres anos e falece em 1983
acolhido por uma filha - Maria de Lourdes, 
(a mais velha 20 anos que a sua caçula)
de um romance que antecedeu inclusive seu primeiro casamento.
  
Regina consente com a venda do imóvel de seus dois filhos e em meados da década de 70 mudam depois de 21 anos naquele domicilio, para outro bairro onde passaram a viver ambas- mãe e filha  com o neto recem nascido. A filha permaneceu com ela que ajudou a criar seu filho ( seu neto) até 24 anos de idade... pois não quiz se casar

A familia esvaziada- pois cada um foi - literalmente 
um, ao  extremo oposto do outro...!
A vida a vida de Regina foi de extrema solidão ... como a de seu marido tambem;
e de muito trabalho ainda... pois jamais  teve qualquer tipo de pensão... de marido; tinha direitos sobre o terreno e a casa...  mas abriram mão - ela e o marido - para os filhos...

Dedicou-se ao trabalho autónomo de artezã-  fazendo costuras

e pinturas, bordados e crochets e tricots... vivendo simples e  modestamente
das feiras de domingo do Largo da Ordem... em Curitiba... por 14 anos.

Recebia ajuda do filho ; e alguma ajuda da filha .

Seu neto foi a maior fonte de amor , carinho,compreensão-
tendo muitas vezes estado a lhe fazer companhia nessas feiras de domingos
onde fizeram alguns bons amigos, tambem!

Seu talento para pintura- principalmente paisagens- 

fora desenvolvido em poucas mas, boas aulas -com ajuda
de uma senhora luterana, (excelente pintora de grandes quadros de pinheirais)
que residia no Bairro (das Mercês) onde moravam - distante quatro quadras.
Esta senhora foi marcante em sua vida de lutas...: dela recebia vestidos de crianças
cortados - só faltando costurar...( o que ela fazia bem...) .
Dona Anolina- pegava encomendas de uma loja da cidade
repassando para ela- ganhar seus trocados...


Ficaram umas poucas telas... que ela pintou em final 
da década de 50 algumas,
e outras em começo da de 60... feitas a óleo... de muito boa execução!
Mas pelo pouco retorno financeiro... e imediatismo de sustentar a casa
dedicou-se aos trabalhos manuais , abandonando
para sempre as telas e tintas
 bem como, um pequeno cavalete produzido pelo esposo 
de dona Anolina - sob encomenda para ela .Tinha um tripé com pontas 
para ser fincado em lugares para irem pintar ao ar livre...
tendo jamais  o utilizado para isso...

Assunto sobre sua história há muito mais... e quem 

sabe nos dediquemos a reconstruir um pouco de suas origens e vida!

Faleceu de um AVC (...desses  que se ouve falar de todo dia...)

no ano de 2008.


Dedicamos essa página de sua história 

em um dia de comemorar sua existência...
já que fez muito em nos dar amor, 
alimentar com o que de melhor sabia fazer na cozinha...

Sua insistência em poucos mas grandes valores...como honestidade, sinceridade
trabalho, criatividade - alegria...  e  estudos em primeiro lugar... sempre os estudos
pois neles estaria nosso tesouro ... marcaram uma educação aparentemente anárquica- onde a vontade de cada um sempre foi respeitada no diálogo intenso
mesmo que havendo muita discordância de uns para com as idéias dos outros a 
começar pelo fato de se ter dentro de um mesmo lar duas culturas diferentes,
pais de gerações diferentes, o que no fundo constituiu-se num laboratório
riquíssimo pois tanto ela como seu marido tinham extrema vocação para a arte 
tanto musical como cênica...Ele tocava flauta árabe e eles viveram os primeiros
anos de seu casamento sendo convidados a exibir-se- pois alegravam os espaços em sociedade- dançava com ele, a dança arabe; e ele à flauta, tocando os lamentos de sua aldeia,Dreikiche ,(onde pode retornar mais tarde, depois de 43 anos longe de sua familia de origem com a qual apenas se comunicava por carta ou pela ida e vinda de patricios) a todos encantavam e emocionavam...



Regina viveu de forma bastante estoica... sem vaidades nem ambições

com uma notável consciencia de seu valor de origem , 
extrema simplicidade e autenticidade...
nem sempre entendida.
Muitas vezes de teimosia intratável-no que estaria , provavelmente,
 sua autodefesa maior... pois teria se confrontado 
desde muito cedo ,com desafios desestruturadores!

Sem uma familia nuclear que lhe desse um maior suporte
lutou  sózinha a maior parte do tempo...
tornando-se uma forte... como poucas...
uma valente mulher e mãe e amiga de seus amigos, 
que com certeza deve ter feito seus  pais que tão cedo a 
deixaram no mundo ...
orgulhosos ... muito orgulhosos dela,  assim como nós ...
saudosos nos sentimos!

Sempre nos referimos a ela - como a melhor mãe - 

que Deus nos deu
e que não poderia
ter sido outra...!

                        Minha mãe Regina , eu com uns 3 anos e meu mano Ali.